... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Desabafo de uma mulher torturada...

“... o próximo não é somente um possível auxiliar ou objeto sexual, mas uma tentação para satisfazer nele a agressividade, explorar sua força de trabalho sem ressarci-lo, usá-lo sexualmente sem seu consentimento, despojálo de seu patrimônio, humilhá-lo, infligir-lhe dores, martirizá-lo e assassiná- lo”
(FREUD in O mal-estar na civilização)



"Era um frio seco e minha alma desamparada caminhava ao esmo num cenário disforme e monocromático. Meus pedaços iam caindo um a um, a mão esquerda depois a direita, o braço esquerdo em seguida o direito, ambos os seios espatifaram no chão, minha carne se desfiava em tiras feito palha, meus cabelos saíam em chumaços embaraçados, se despencavam os dentes, o nariz juntamente com as orelhas, até não sobrar nada de mim, apenas a alma catando todos os restos temendo me perder de vez. Rastejante em juntar os meus cacos deparo-me com meu algoz, o carrasco da minha dor e mentor do meu sofrimento.

Aquele frio seco na espinha fragilizada pelo peso insuportável de mim mesma refletia o seu olhar sádico a me espreitar na tocaia engendrada para sempre me despedaçar. O ódio explícito daquele homem quase desconhecido me condenava às dores profundas, donde meus gritos agudos desesperados eram inaudíveis. Meu ânus sangrava temendo violação, enquanto o cruel demônio se satisfazia em me torturar pela simples ameaça gélida em me liquidar.

Seu cheiro mofado me nauseava em vômito jorrante com gosto ocre do cobre oxidado de pavor, pelas mordidas ferozes do maldito desgraçado que me arruinara a alegria de viver. Deixando-me estática sem poder me defender dos abusos. Atônita minha urina escorre pelos tocos de pernas formando uma poça de sangue carmim maculando o cinzento ambiente daquele cárcere privado de sentimentos. Porém, foi suficiente como uma explosão para que eu acordasse e voltasse a consciência de que tudo terminou. Apenas, restaram as memórias vitimadas do pior dos predadores, o perverso que dormia ao meu lado." 

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