... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

domingo, 29 de setembro de 2013

Abril despedaçado...

“Ao lado da psicose, definida como a reconstrução de uma realidade alucinatória, e da neurose, resultante de um conflito interno seguido de recalque, a perversão aparece como uma renegação ou um desmentido da castração, com uma fixação na sexualidade infantil”... “a neurose é o negativo da perversão” Freud in "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade" Obras Completas



Era abril, início de outono, a estação que amenizava a temperatura do verão. Um ar morno, já adentrava pelas janelas, na praça as folhas mortas caiam num bailar suave a espera do frescor antecipando da nova estação. 

Ela sempre rejuvenescia nos abris de outono. Mas, àquele outono trazia um abril despedaçado, em que lhe arrancara não somente as folhas mortas, como todas as vivas reluzentes. 

Como parasita, uma praga impiedosa havia sugado todas as suas energias, num golpe certeiro. E, assim se foram todas as estações, sangrando a seiva pelas entranhas de seu caule e galhos nus. 

Seca e doente, ela necessitava de trato para florescer novamente. Mas, a praga indestrutível que lhe furtara tudo, continuava cada vez mais forte, perdurando imune aos remédios incapazes de acabar com a parasita.

Nossa frondosa e exuberante árvore de outrora, na verdade era a imagem vista por Lara de si mesma. Sendo agora, mirrada e envergada no espelho, por não suportar a impiedosa Sara que lhe arruinara a vida.

dor profunda mergulhada nas profundezas da existência, levara Lara, dias após dias, em suas reflexões e seus pensamentos incapazes de responder aos questionamentos que a torturavam. Jazia solitária, percorrendo todos os acontecimentos pretéritos, mais que imperfeitos, diante das respostas nunca alcançadas. Inconformada com o fulgurante golpe, ela definhava pela tristeza corrosiva que lhe ardia o peito.

Sem forças sólidas para continuar na dúvida do acaso, Lara paralisava-se em quase todos os meios de seguir adiante, extenuada pela incompreensão dos males acometidos, se alimentava da dualidade angustiante em querer-se sucumbir e a culpa pelo sofrimento alheio de quem fica.


Era escrava de seus próprios princípios, que deliravam em pensamentos pelo temor em causar dor a outrem, sem ser imune a dor desfilada daquela que pouco se importava com o sofrimento dela. Certamente, pensa Sara, ela enlouquecera. Ou até mesmo, na perversidade que lhe é peculiar, pensa: Sempre fora louca, por isso não tem jeito, sofra o quanto puder.  


Não há vida possível, diante da melancolia que a perda brutal e inexplicável a causou. O julgamento sumário, leva-a ao calvário da incerteza e a culpa adquirida, de nem sequer saber o porquê fora condenada.


Assim, são os sentimentos das vítimas dos sociopatas que cruzam seus caminhos e, podem devastar o emocional, a tal ponto de arruinar suas vidas. Como jamais, conseguem se colocar no lugar dos outros, eis que desconhecem completamente o afeto. Não sentem, furtam e roubam sem qualquer parcimônia membros da vítima. E, o mais grave ainda, manipulam os outros afins da vítima destruindo toda e qualquer referência emocional construída. 

Não é à toa, que a própria Lara se vê louca e os outros acreditam na loucura plantada por Sara.

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